Anos se passaram, os consoles ganharam mais bits, a Sega perdeu a guerra e Sony e Microsoft entraram no conflito. Muita coisa mudou. Os games se tornaram 3D e os mascotes tiveram que se adaptar a essa grande transação para a terceira dimensão. Alguns conseguiram tal feito com maestria, como Mario, outros tiveram alguns fracassos e acabaram decepcionando legiões de fãs.
Sonic foi um desses mascotes que não se deu muito bem no mundo 3D. Seus jogos se tornaram péssimos, a jogabilidade imprecisa, o aparecimento de personagens sem carisma, história fraca e gráficos pobres afastaram muitos jogadores. O ouriço já não era mais o mesmo. Sonic Rush, para o Nintendo DS, traz o azulão de volta aos seus anos de ouro. Com boa jogabilidade, gráficos bonitos e toda a velocidade que garantiu fama ao personagem.
Tudo começa quando Sonic encontra Eggman Nega, bem parecido com o velho Eggman, porém mais frio e cruel. Ao mesmo tempo, o ouriço descobre que Nega planeja uma fusão entre a Terra e uma outra dimensão usando as Esmeraldas do Caos e as Esmeraldas do Sol, vindas desta outra dimensão junto com Blaze, uma espécie de guardiã das tais pedras. Blaze explica que a fusão dos dois mundos levará a um colapso e ambos deixarão de existir. Os dois heróis então decidem unir forças em busca das esmeraldas e de uma forma de derrotar Eggman Nega para pôr um fim a essa ameaça. O enredo é bem fraco, mas é o suficiente para mais um jogo do ouriço.
O game é um scroll lateral e traz de volta toda a velocidade do azulão da Sega. A novidade fica por conta do Tension Gauge, que funciona como um medidor e permite que Sonic se transforme em um projétil azul irradiando energia, o que faz com que o ouriço fique invencível, atravesse obstáculos e chegue a velocidades incríveis. Para recuperar o medidor o jogador pode esmagar inimigos, fazer acrobacias no ar ou nas rampas espalhadas pela fase e coletar os diversos power ups.
Essa habilidade é usada em vários momentos para derrotar os oponentes, alcançar locais estratégicos e permitir que o jogador avance na aventura, além de ser necessário gastar aproximadamente uma barra inteira do Tension Gauge para ter acesso aos estágios especiais em busca das esmeraldas.
Falando dos estágios especiais, estes merecem destaque. Afinal, é o único momento em que o jogo utiliza a touch screen do DS. Aqui o ambiente é completamente 3D e a câmera se posiciona atrás do ouriço, como em Sonic the Hedgehog 2, para Mega Drive. Usando a stylus o jogador deve guiar Sonic, coletando aneis e desviando de espinhos e inimigos que eventualmente dão as caras.
Também é possível tocar em pequenos balões vermelhos espalhados pelo estágio e inicia-se um pequeno mini-game, onde esferas com números surgem na tela e o jogador deve tocá-las com a stylus dentro do tempo limite, ganhando alguns aneis extras caso seja bem sucedido. Completando o estágio especial você é recompensado com uma esmeralda. Mas não pense que é fácil: cada esmeralda está guardada por um desafio mais difícil que o anterior e as últimas pedras preciosas exigem muita rapidez e prática.
Outra novidade são os Trick Actions, uma espécie de acrobacia que os personagens realizam, lhe garantindo pontos e ajudando a encher sua Tension Gauge. Existem 3 tipos de tricks: o Basic Trick, Grind Trick e Just Trick, cada um só funciona em locais específicos da fase, como rampas ou após saltos longos.
O jogo conta com 7 zonas, divididas em dois estágios e um chefe, incluindo mais duas zonas secretas. Após completar os dois estágios o game salva automaticamente seu progresso e, caso perca suas vidas lutando contra o chefe, você não precisa terminar as fases outra vez. As lutas contra os chefes são em 3D, mas ainda no estilo plataforma. Na tela de cima você enfrenta seu algoz, enquanto a tela de baixo exibe a quantidade de HP do chefe e seu parceiro, que estará sempre lhe incentivando.
A trilha sonora é intensa e transmite muito bem a sensação de velocidade que o jogo possui. Diferente das músicas remixadas dos jogos de Sonic para GBA, em Sonic Rush todas as músicas são originais e criadas especificamente para o jogo. As vozes dos personagens são mínimas e resumem-se em apenas algumas exclamações durante o game como “Alright!” e “Yeah!”.
Conforme o jogador avança na aventura a história se desenvolve. As cutscenes são fracas e apresentam apenas as imagens dos personagens enquanto as falas surgem na tela, fazendo com que você pule frequentemente a história e parta direto para a próxima fase. É possível jogar com Sonic ou Blaze e cada um apresenta uma visão diferente da história, permitindo ao jogador uma perspectiva completa sobre o enredo.
Mas o jogo com Blaze apresenta mais algumas diferenças. A ordem das fases é outra, algumas apresentando, inclusive, pequenas mudanças. Além disso, Blaze controla o fogo e pode planar durante alguns segundos, permitindo ao jogador alcançar novas áreas. Os gráficos são bonitos e apresentam tonalidades de cores bem vivas. Mesmo com toda a correria é possível perceber a profundidade dos cenários e a fluidez nos movimentos dos personagens. Alguns chefes são imensos e mesmo com tanta coisa se movendo na tela o jogo em momento algum apresenta slowdown.
O único problema de Sonic Rush é o fator replay. Após terminar o game com os dois personagens o jogador não tem outra razão para se aventurar pelas fases novamente. A não ser, é claro, para coletar as esmeraldas que deixou para trás.
O jogo é curto e em poucas horas você já viu tudo o que o game tem a oferecer.
Sonic Rush é sensacional e sem dúvidas o melhor jogo do ouriço desde a era de ouro dos 16-bits. Diferente dos jogos medíocres para GBA, este aqui possui tudo o que os fãs esperavam por um bom tempo: velocidade, bons controles e músicas que façam valer a pena deixar o volume do DS no máximo. Prova irrefutável de que Sonic ainda tem potencial para nos proporcionar bons jogos. Vida longa ao ouriço.
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